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Qual a influência das superfícies de corrida e a velocidade no risco de contrair lesões?

As lesões é um problema que afeta qualquer corredor quer seja ele casual ou profissional, por certo você e os seu colegas de treino e competição já tiverem várias lesões. Umas mais graves que outras mas ninguém se livra “delas”. Apesar de toda a técnologia que as marcas colocam nos seus produtos (sapatilhas e roupa), e da evolução nos métodos de treino, as lesões continuam a aparecer na maioria dos corredores.

 

Como é óbvio as lesões podem ter várias causas, mas a maioria deve-se à falta de conhecimento e mau planeamento de treino, à velocidade que se corre e à superfície onde se corre. Muitos são amantes de trails, outros preferem o asfalto da “selva urbana” para correr. Mas que superfície é a melhor, e quão rápido você deve correr para se manter saudável? A resposta a essas perguntas não é tão óbvia como se poderia pensar, em grande parte devido ao fato de que muitas das noções sobre as causas das lesões dos corredores, terem estudos e conclusões um pouco controversas!

Qual é a melhor superfície para correr?

Em relação à superfície de corrida por exemplo, embora a crença popular sustente que correr em trilhos ou superfícies mais macias é melhor para as articulações, evidências científicas bem estabelecidas dizem o contrário. O nosso cérebro tem coisas muito curiosas e acontece um fenómeno que se chama “ajuste muscular”. Durante a corrida, o cérebro antecipa constantemente a rigidez da superfície usando dados da experiência passada, e informações da passada anterior e “informa” os músculos da rigidez com que estes devem contrair antes do pé tocar no chão.

Sendo assim quando a superfície do trail fica mais suave, a perna fica mais rígida, logo o impacto é praticamente o mesmo para os músculos. É como o corpo mantém a rigidez geral da combinação superfície / sapatilha / perna, é a razão pela qual correr em superfícies mais macias não resulta necessariamente numa menor taxa de lesões. O impacto global para a perna permanece praticamente o mesmo, seja correndo em trilhos, numa praia ou em asfalto.

Mas há um senão “Sabemos como o corpo se ajusta a diferentes superfícies no curto prazo, mas o que não sabemos são as consequências a longo prazo de correr em uma determinada superfície”, diz o Dr. Brian Heiderscheit, diretor da University of Wisconsin’s Runners ‘Clinic.

É por este motivo que as sapatilhas com muito amortecimento não resolvem por completo o problema das lesões, tal como as superfícies mais macias as pernas vão-se adaptar à sapatilha com mais amortecimento aumentando a rigidez dos músculos. Como tal o Dr. Brian Heiderscheit acredita que para minimizar o risco de lesões os corredores devem varias as superfícies de treino, tal como variam os seus planos de treino. “Assim como um corredor varia de intensidades, tempo e intervalo de treino, o meu conselho é incorporar um pouco de todas as diferentes superfícies no treino”, diz Heiderscheit.

Como é que a velocidade de corrida influencia o risco de lesões?

Assim como a passada de corrida, a superfície e apoio do pé foram analisados por especialistas, tem também a questão da velocidade de corrida ideal. Muitos assumem que treinar com velocidades mais rápidas aumenta o risco de lesões. Mas como é óbvio cada corredor é diferente, e correr mais lento nem sempre é o melhor “A maioria das forças geralmente aumenta com o aumento da velocidade, mas correr mais rápido não é necessariamente mais exigente para todo o corpo”, diz Heiderscheit. As estruturas musculares que enfrentam o maior aumento na corrida, são os músculos e tendões encarregues de fornecer essa velocidade extra, isquiotibiais, gémeos e glúteos. Tendo outras estruturas menos trabalho.

Vários estudos recentes ilustram esse ponto. Um artigo de 2015 no Journal of Orthopedic and Sports Physical Therapy, elucida um pouco melhor sobre o papel que a velocidade de corrida desempenha na quantidade de impacto que o joelho experimenta ao correr. Pesquisadores do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, pediram a um grupo de corredores que percorressem um quilometro a três velocidades diferentes: 8kph, 11kph e 15kph.

Embora o stress do impacto para o joelho tenha aumentado com corrida mais rápida, o stresse total para o joelho foi de 30% menos à velocidade mais rápida devido ao menor número de passos necessários para cobrir a mesma distância. Com base nestes estudos e conclusões, correndo distâncias mais longas em velocidades mais lentas, especialmente quando fatigado, pode contribuir para lesões de uso excessivo do joelho.

Mas antes de pensar em correr que nem o “Speedy Gonzales”, pense que apesar de correr rápido reduz o risco de lesões por impacto, tem outros riscos associados. Outras pesquisas conduzidas pelo mesmo grupo Dinamarquês e apresentadas em Biomecânica Clínica. Determinaram que a energia extra fornecida pelos músculos dos gémeos e do pé, com um aumento na velocidade aumenta o risco de lesões no tendão de aquiles e a problemas como a fascite plantar.

Para concluir o que foi escrito neste artigo, os estudos comprovam que não há um tipo de superfície nem velocidade de corrida ideal para reduzir o risco de lesões na corrida. O aconselhado é mesmo variar de superfície de treino de vez em quando, e também correr a diferentes velocidades de acordo com o seu plano de treino.

Fonte: competitor.com

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